O que são bancos comunitários e como eles funcionam?

Essas instituições financeiras são administradas pela própria comunidade, e os recursos gerados por elas voltam como benefício para a própria população que ali vive.

Eles são cada vez mais comuns em regiões de vulnerabilidade social. De acordo com dados, atualmente a Rede Brasileira é formada por cerca de 103 (cento e três) Bancos Comunitários espalhados no país.

Eles possuem uma natureza associativa, e buscam gerar trabalho, renda, organização e reorganização das economias locais.

O banco social oferece serviços variados, mas diferentemente do banco tradicional, os lucros não são divididos entre acionistas, pois o lucro que um banco comunitário consegue é transformado em ações para a comunidade, como cursos profissionalizantes, reforma de alguma área comum, projetos para grupos específicos do bairro e afins.

O primeiro banco comunitário brasileiro foi o Banco Palmas, que foi inaugurado em janeiro de 1998 no Conjunto Palmeira, um bairro pobre que fica na periferia de Fortaleza (CE).
Onde ficam esses bancos?

Esses bancos estão situados em territórios que possuem a pobreza como característica, além da exclusão financeira e bancária.

Eles podem estar em comunidades quilombolas, assentamentos, áreas indígenas, locais de quebradeiras de coco, distritos isolados no semiárido nordestino e também em periferias urbanas.

Regulamentação de Bancos Comunitários

Todo banco comunitário é regulado pelo Banco Central, que também fiscaliza essas entidades. Alguns contam já com aplicativos, onde é possível pagar contas e realizar transferências, por exemplo.
Empréstimos nos bancos comunitários

Para conseguir um empréstimo, por exemplo, é necessário ir até a agência, mas toda aquela análise de proteção ao crédito feita pelos bancos tradicionais não é decisiva nesses casos.

Enquanto os bancos comuns analisam os dados do cliente pelo Serasa, SPC, bem como a situação financeira da pessoa como compradora e pagadora, o banco comunitário avalia a pessoa socialmente, visitando o local onde ela mora, verificando o padrão de vida da pessoa e estudando a possibilidade dela conseguir pagar aquele empréstimo.

Características de um Banco Comunitário

Cada unidade de um Banco Comunitário possui o seu próprio nome, a sua própria moeda e organização social, tornando- se administradora do projeto.

Não existem filiais de um banco comunitário, eles apenas seguem um termo de referência e de conduta comum entre todos, que é definido pela Rede Brasileira de Bancos Comunitários.

Geralmente, são características dos Bancos Comunitários:

1. A decisão da comunidade para criar o banco, tornando-se administradora do local. Essa atitude empodera pessoas que vivem em situação de pobreza, fazendo com que os mesmos se tornem donos da própria economia;

2. Atuação em duas linhas de crédito: uma em reais e outra em alguma moeda social que circula na região. Isso faz com que não exista a intenção de assaltos ao banco comunitário, por exemplo, pois as cédulas são feitas com exclusividade para incentivar o consumo naquela região;

3. As linhas de crédito do banco social devem estimular a criação de uma rede local de produção e de consumo, estimulando o desenvolvimento de toda a população territorial, ou seja, incentivar o consumo dentro do próprio bairro, evitando que a população vá para outros lugares se ela pode encontrar o que precisa na própria comunidade e ajudar o local onde vive;

4. O Banco Comunitário também precisa apoiar empreendimentos e meios de comercialização (feiras, mercadinhos, lojas solidárias, central de comercialização e afins.);
5. Deve estar em territórios que possuem como característica um alto grau de exclusão e de desigualdade social;

6. O Banco também deve se voltar para um público que tem alto índice de vulnerabilidade social, principalmente aqueles que são beneficiários de programas do governo e de políticas compensatórias;

7. Um Banco Comunitário deve aplicar a sustentabilidade financeira, em curto espaço de tempo, no ganho de subsídios justificados e usados pela própria população local.

8 – Os comércios que existem na região onde o Banco Comunitário está situado podem realizar parcerias com o Banco, estimulando mais ainda o consumo local.

Como funciona a moeda própria de um Banco Comunitário?

Algo que desperta muitas dúvidas e que também pode ter despertado as suas, são as moedas que citamos, feitas exclusivamente para cada banco comunitário.

Um Banco Comunitário local tem a sua própria moeda, que funciona como um dinheiro comum.

São feitas feiras, por exemplo, onde a população local pode vender qualquer coisa em troca dessas moedas, que vão circulando aos poucos na região, após obter essa moeda o morador do bairro pode comprar qualquer coisa com a cédula e até pagar contas locais.

Recentemente também começou a implementação das moedas digitais dos Bancos Comunitários, que permitem pagamentos e compras regionais digitais.

O valor excedente dessas moedas locais não fica para o banco, mas é acordado entre a própria população local para ser trocado por melhorias na comunidade.

Conclusão

A Rede Brasileira de Bancos Comunitários deseja criar um marco legal dos Bancos Comunitários no Brasil.

Uma iniciativa importante para isso é o projeto de Lei Complementar no 93/2007, da deputada federal Luiza Erundina, que: “Estabelece a criação do Segmento Nacional de Finanças Populares e Solidárias e dá outras providências.”

Projetos desse tipo são avanços para a democratização do sistema financeiro brasileiro e para a inclusão financeira e bancária de muitas pessoas, mais da metade dos brasileiros, que ainda não possuem acesso aos bancos tradicionais.